personagem.

entras-te de repente como uma ventania que desassossega as folhas rendidas ao chão. na minha vida. na minha alma. à tua passagem esvoaçante, mesmo a escassos centímetros do meu rosto, largas-te um suave perfume que cheirava a mar, fresco e cativante. sorvi esse cheiro, deixando-o penetrar-me a pele e a alma. os caracóis, ana, balançavam a cada passou teu, contaminando o ar com um perfume de mar. foi assim que entras-te, sem saberes, sem consentires, sem quereres, sem perguntares, na minha vida. gestos e sons de correntes repetidas, em cada noite. os teus passos, constantemente, na minha direcção. em ti, ana, via o espelho da minha alma, os tons do meu corpo, olhos escuros lavados em alucinantes lágrimas. mais uma vez, acordei despenteada, calada {..} e vejo a tua sombra a partir, o sol cai e mais uma vez invades o meu quarto, és um enigma misterioso, és a personificação da minha morte.